quinta-feira, 22 de abril de 2021

notas sobre a pandemia

Com a pandemia, passei a pressionar os dentes travando a mandíbula.
Acordo sentindo a pressão na boca.
Gosto de processos de relaxamento guiados, quando falam: "- destrave  a língua e o maxilar!". Estão sempre travados!

Passei a flertar com a ansiedade...
E a temer pegar a estrada.

Qualquer dor de cabeça vira motivo, investigação, debate interno... trabalho contra as paranoias e os medos que lotam meus pensamentos.

A pandemia me fez ter medo.
Me fez querer xingar as pessoas sem máscaras que vejo na rua. Xingo mesmo. As vezes grito.
Desconfio da paisagem e sinto medo do invisível.

Não vejo mais repórteres. Escolho notícias. 
E não consigo chorar.
Saudade
Quero chorar mas não consigo.
Me obrigo a rezar e durmo.
Quero rezar, meditar e chorar.
Mas critico e passo raiva.

A pandemia me fez aguçar a desconfiança no outro. Oscilando crenças e criando suposições.
Medo e desejo. 

Observo escondida,
Regulo neuroses.
Passo álcool 70°
Espero evaporar.
Spray!
Pray!
Spray!
Pray!
Spray!
Pray!



terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sabe quando você se torna uma stalkeadora!? Daquelas que flerta com a vida alheia. Que sente, se excita e se imagina na vida do outro.
Visita mundos.
(mundinhos encantados, temáticos e estilosos.) Armadilha!
Sabe aquele desejo de mostrar seu cotidiano, seguido de um pudor… que está atendendo a uma construção de imagem social!? Tenho. Inclusive medo. Fotos. Delete. Botão de ocultar fatos. Esconder rostos. Editar. Compartilhar.
Luzinhas e brilhinhos. Molduras e filtros.
Quero mesmo é um filtro de barro!
Das tais redes sociais que falo. Acho que no meu caso as mais saudáveis seriam as tecidas a mão. Das comuns no nordeste brasileiro. Que balançam, trazem sensações reais, conforto e um enraizamento daqueles.
Das que consomem nosso tempo, despertam desejos, afetam e são feitas de tela, luz, cores, balanços e esquecimentos…
Ludibriam nosso cotidiano.
Afetam. Afetam. Afetam.
Devoro redes!

domingo, 31 de maio de 2015

Hoje e quase sempre estou assim, olho com mais afinco o que me incomoda. Percebo mais, fico remoendo cada ação, o que acaba por não me fazer perceber ou valorar de forma correta as coisas boas.
Adotei um livro da gratidão, mas agradeço pelas mesmas coisas quase sempre. Está difícil de sair da órbita doméstica … daquilo que é cotidiano e que pende mais para um lado do que do outro.
Descreverei o dia de hoje:

É domingo…
Acorda, tenta ir na rua comprar frutas e legumes de bicicleta só que está chovendo. Retorna.
Prepara a papinha de fruta do bebê e o alimenta.
[O outro adulto se oferece para ir na rua e começa a perguntar o que é necessário. O mesmo toma seu café em meio ao caos da cozinha, sem sequer organizar a mesa. Este sai e vai ao mercado.]
Então varre e passa pano na cozinha, forra o chão para o bebê brincar. Arruma a mesa para o café da manhã, acorda a outra filha que já passa da hora na cama e juntos tomam café.
[O outro adulto retorna. Em seguida senta para ver TV, mas pega o bebê e fica com ele.]
Lava a louça da janta do dia anterior e do café, para então preparar o almoço.
Cozinha o almoço, cozinha a comida do bebê.
E chama a todos para almoçarem, coloca a mesa.
Alimenta o bebê, põe a comida da criança. E quando percebe que está demorada a evolução do almoço do bebê, coloca sua própria comida, para ir almoçando e alimentando-o ao mesmo tempo. Neste momento o bebê não quer ficar mais no cadeirão, então o outro adulto o olha enquanto …
Finaliza o almoço. Deita-se no chão por alguns minutos, pois o bebê quer mamá. Amamenta, descansa e brinca com a outra criança.
[O outro adulto almoça, ao término vai dormir.]
Percebe que as crianças não tomaram banho.
Levanta-se e prepara o banho de ambas, ao mesmo tempo, cada uma em sua banheira, inclusive a piscina da barbie. Finaliza o banho da bebê enquanto a irmã continua brincando e se ensaboando. Leva a bebê para quarto, põe fralda e é interrompida pelo chamamento da outra criança, solicitando atenção. Pede diversas vezes que espere um pouco. Mas resolve acordar o outro adulto da casa para por a roupa no pequeno enquanto encerra o banho da grande.
Banho encerrado, o outro adulto se oferece para vestir a criança, então…
Toma banho, com uma pequena pausa para ler uma reportagem do jornal de sábado.
Inventa de fazer uma receita e a criança diz que vai ajudar.
Só que o bebê chora , então pausa para amamentar, enquanto a outra criança reclama que quer fazer brownie. Reclama. Reclama e reclama. Digo para o outro adulto, levantar da cama e fazer um lanche para a criança, enquanto não se faz o brownie. Até que o bebê dorme.
Na cozinha, termino o lanche da criança. O bebê acorda. E o outro adulto é solicitado para fazer e dar o lanche do bebê.
O outro adulto reclama, diz que precisa estudar. E diz que alguém tem que fazer. Mas se não tem outro alguém, ele mesmo tem que fazer.
Começa a preparação do brownie, que vai para o forno e o bebê ainda está comendo.
Começa a limpeza das louças e etc., depois pega-se o bebê e vai para o quarto brincar, ler e brincar. Os três, enquanto o outro adulto vai estudar.
 O brownie pronto, canta-se parabéns para a boneca aniversariante e come-se o bolo.
Descansa-se um pouco, acessa-se a internet, enquanto as crianças brincam, todos na cama. O tempo passa …
Percebe-se que já passou do horário do jantar.
Põe janta para a cria e para o bebê. Depois, sobremesa. Estende a roupa que está na máquina desde cedo. Escova os dentes da cria, troca a roupa e a  fralda do bebê. Põe na cama. Amamenta e conta história. Pede silêncio diversas vezes. Nina e todos dormem.
Acessa as redes sociais e esquece o tempo, começa a escrever este texto, são 02h da manhã.
O outro adulto parece ter terminado seus estudos.

*   *   *

Estou cansada. Principalmente porque meus planos para o dia de hoje não eram esse.
O primeiro, de sair pela manhã e almoçar na rua. Falhou! Perdemos a hora, acordamos 10:30h.
O segundo, de após o almoço ir na biblioteca e depois à livraria. Falhou! Pois com o tempo chuvoso, sem dinheiro (hoje é o último dia do mês) e exausta, desanimei. Os banhos se encerraram aproximadamente às 17h e neste horário, nada mais está em tempo hábil…

Ando extremamente cansada dos afazeres domésticos. Dessa rotina de cuidar de tudo e de não ser cuidada. De se achar assoberbada de coisas, sem ter tempo para cumpri-las.
Mas mesmo assim tento agradecer, por poder fazer o que  faço, por ter saúde… Mas no fundo, no fundo, me sinto só e extenuada.

Quero (preciso) voltar com a terapia.
Quero fazer jiu-jitsu.
Quero um dia num SPA.

Mas por enquanto tenho que cuidar, cuidar e cuidar. Escrever, escrever e escrever, tenho uma dissertação para defender. Retornei ao trabalho e o outono insiste em deixar todas as crianças do mundo doentes. Mais trabalho…

Dai-me forças, meu pai!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

o ser mãe tem um encantamento
do amor 
de repente
que faz muitas vezes 
esquecer que é gente
e tomada de instinto 
se assemelha mesmo é a bicho

cai de dores e amores
de cansaço
e chora
que parece até quebranto
mas é que é de tanto
andar perdida de si
que se torna

mãe

que é dona de casa
dona de filho
de trabalho
dela mesma quando dá

troca fralda
amamenta e nina
alimenta a alma
de reza forte
para ter colo 
amparo
nas horas que precisar

e saber que não está só
que minha mãe me ajude!
na doação que é
maternar



sexta-feira, 14 de novembro de 2014

da pessoa sem coisas cheia de preciosidades

Pari pela segunda vez em setembro de 2014.
Agora faço da maternagem a coisa mais importante da vida.
Não sou francesa, mas estudo para vir a ser uma semipariense. Dizem que elas conseguem equilibrar a maternidade, a vida sexual, o trabalho e a parte doméstica, de forma harmoniosa.
Harmonia esta que tento respirar e compartilhar com o povo daqui.
Das coisas que tenho, estou na tentativa de me desprender e ganhar uma certa autonomia. Busco o indispensável, porém belo, ou agradável, ao menos acolhedor para meu sentidos.
E a partir de então dividirei (acho que comigo mesmo) quase "psicanalisticamente", ou com os poucos que leem o que escrevo, esse turbilhão que desprende tantas Letícias de mim.
Tratarei das coisas que não quero mais, das que desejo e das que tenho.
Assim como já venho fazendo. Ou melhor, vinha fazendo.

Retomo assim as coisas como podem ser.

  

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

...das conversações ...

No percurso de uma ida ao banco deparei-me com dois homens, ambos eram pais de meninas, porém um de uma de 7 outro de uma de 11. Eu como mãe recente ouvi os conselhos e me interessei pelas histórias. 
O primeiro tinha 39 anos, estava recém-separado, havia 3 meses que sua esposa havia lhe abandonado com a filha de sete anos, e disse: -Filho requer muito trabalho, as vezes quero tomar minha cervejinha, ouvir meus pagodes, e não posso, pois ela está muito grudada comigo. Este parecia ainda muito mexido com a separação e aparentava sentir falta da sua vida de marido.
O segundo, saudosista, começou dizendo: -Aproveite cada momento da maternidade, pois passa muito rápido, e logo emendou em um trágico caso de família, onde seu cunhado havia abandonado sua irmã após saber que a filha de 13 anos estava grávida. E terminou dizendo que agora, o tal malandro usava dentaduras, pois havia lhe quebrado a cara com uma barra de ferro!
Passei a perceber como a figura de uma mãe jovem, carregando um bebê nos braços e sozinha num centro urbano, desperta tantos "advices" e tantos desejos de maldizer a vida familiar. 
Constatei que devo ter cuidado, pois rapadura é doce, mas não é mole não.



domingo, 9 de janeiro de 2011

... do ano novo ....

Senti farta emoção ao perceber que este seria o ano das realizações e das grandes mudanças na minha vida.
Parece até frase decorada de um horóscopo qualquer, mas não é, adentro 2011, sem muitos pedidos, afinal recebi muitas coisas neste último trimestre de 2010, e foi assim porque sei que hoje tudo o que quero não é só para mim. Carrego comigo a semente de um amor tão dedicado, que faço questão de tê-la aqui juntinho de mim dividindo cada gota d'água para num futuro próximo já estar habituada a ceder, dividir e compartilhar, não me privar de ser o que seremos sendo juntos.
Não direi que não pedi, fiz pedidos imateriais, daqueles que nem com todas as fortunas do mundo os terias, daqueles que recebemos do vento, do mar, das águas, da terra, do céu ... 
Comi lentilha e fiquei levemente enjoada, as uvas não tinham os caroços para a simpatia tradicional de final de ano, custei a entender que carrego em mim o que há de mais importante. O amor que nos alimentará e conduzirá durante este generoso ano que se inicia.
Axé! 

domingo, 19 de setembro de 2010

... das coisas que passam pela minha cabeça, a que mais tem marcado presença, é a reflexão acerca das coisas que faço. Faço muitas coisas, umas porque gosto muito, outras porque preciso, algumas por obrigação, mas o que tem me intrigado é a intensidade dos acontecimentos, intensidade como intensão e tensão.
Conheço pessoas que fazem muito mais coisas e são tão intensas e bem sucedidas, são corajosas, se arriscam e parecem não ter preguiça, e concluem e fazem e fazem, sempre fazem. Encontrei agorinha mesmo uma dessas pessoas, que pelo facebook ... parece ser tão bem resolvida, a imagem estava ótima ... rs
Nem pelos programas de autopromoção, nem ao vivo. Pareço tão a mesma coisa de sempre que acho que faço coisas e mais coisas só para tentar ser diferente e acabo que sou aquela que está sempre fazendo alguma coisa, mas no fundo não faz nada. 

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

... para me levantar da cama, tive que empurrar para o lado todas as coisas que dormiram comigo: mochila, headphone, pois os livros já haviam sido empurrados no chão, sem querer com os pés durante a noite, no sono. Quando me levanto, tenho que esticar bem as pernas, pois ao lado da minha cama tem três pilhas de livros, quase de sua altura, que não tenho onde guardar, que ficam por aqui, por sobre essas pilhas ficam aquelas coisinhas, objetos, tipo pedaço de papel, canetas, plástico e flyers, coisas de propagandas interessantes que pego pela rua ... enfim, quando pulo, dou um passo e me deparo com a mesa lotada, duas pilhas que quase encobrem a prateleira, que fica atrás com meus objetos religiosos, uma pilha de coisas do trabalho e outra de cadernos. Debaixo da mesa mais uma pilha de papéis para reaproveitar, trabalhos antigos dos alunos e etc. Agora tenho que pular os livros que estão no chão sobre uma "Folha de São Paulo" antiga que pretendo ler, na maçaneta da porta várias bolsas dependuradas, a tolha na porta secando, a porta que inclusive já está com manchas de fungos, penso em limpar com água sanitária, mas tenho que ir, vou corrigir trabalhos e lançar notas, ainda do segundo bimestre.
Ando sem tempo, atrasada e atrapalhada ... hoje a noite viajo, vou pra Pós e só retorno na segunda a noite depois do trabalho.
...

Obs.: meu quarto mede aproximadamente 2,5m L x 3,5m C , ahh e é uma alcova. 

dos excessos ...


Cometi excessos.
Aliás, cometer excessos satisfaz, mas depois desagrada. Pois quem arca com os seus excessos?
Queria ter uma pessoa que arcasse com os meus excessos, ou então, não me exceder.
Mas há excessões ... Por exemplo, viajei, conheci um outro continente, logo tudo era novo e surpreendente para mim, todas as coisas me proporcionavam uma vontade de conhecê-las mais e mais, e de ter vontade de registrar e de poder ter comigo um pedacinho daquele sonho para que quando eu sentisse saudades, tivesse aonde pegar e poder saciar meus anseios sem cair no saudosismo depressivo de nem conseguir visualizar mentalmente os meus desejos pela falta de acervo material, tátil, olfático, ....
Foi nesta parte que exagerei, eu sei que exagerei ... mas memo assim me pego com remorso de querer ter mais pedaços de lá. Exagerei tanto, que meu exagero se reflete no meu saldo bancário, na minha possibildade de ir e vir atuais, nos meus cartões de crédito, até no sorvete que gostaria de tomar hoje.
rsrsrsrs



Confesso fiz o oposto do que escrevi abaixo, o mantra até tentava ecoar ... mas a afetação visual me consumia e se tornava sinestesia.

MAS REAFIRMO DESDE JÁ : EXCESSOS NOVAMENTE, SÓ EM 2011 !!!

domingo, 9 de maio de 2010

Se uma família no Camboja de trabalhadores rurais recebe o equivalente a R$10 ou R$17 por semana de trabalho, Eu devo aprender a viver com menos aqui no Brasil.
Com R$300 por ano somos capazes de sustentar um ano de estudo de uma adolescente desse país asiático, logo não deveria gastar essa mesma quantia com uma ida ao shopping, obtendo coisas supérfluas.

Isto deve se tornar um mantra em minha vida, todas as vezes que ela tender ao supérfluo e estiver cedendo ao capitalismo voraz, EU JÁ POSSUO COISAS DEMAIS!
Antigamente, eu tinha a roupa de sair, a de ir a escola, a de festa e as de ficar em casa. Hoje acrescentando  "s" no fim de cada uma dessas pequenas frases, mesmo assim não conseguiria abranger a superlatividade deste caso, roupas de sair tenho inúmeras, de dormir várias, de ir a festas mais que as necessárias, e ainda assim quando vejo roupas interessantes me sinto tentada. PUTAQUEOPARIU!!!!! 

Firmo aqui um acordo, de a partir de hoje, 10/5/10, não comprar roupas, nem sapatos, nem bijuterias e afins, até final deste ano.

Que eu seja forte e que o meu mantra ecoe.

domingo, 21 de março de 2010

Desde quando comprei este tênis, ouço gracinhas e deboches, a começar pelos meus irmãos que sempre diziam toda vez que me viam nele:"- você tá parecendo um duende, rsrsrsrsrsr!", só porque o tal tênis tem um cano médio e é de camurça verde bandeira. Ao menos eram sinceros!
Dia desses resolvi ir dar aula neles, cheguei na escola e não havia quem não olhasse e tecesse um comentário, porém o primeiro comentário não era sobre a cor, se estava ou não combinando, nem ao menos um comentário sobre duendes, peter pan ou coisa do tipo. Todos esses comentários eram abafados e engolidos pelo: "-ih,  a professora está com tênis da adidas!!!".  
PUTA QUE O PARIU!!! O QUE NÃO FAZ ESTA MERDA DESTA CAPITALISMO ALIENANTE!!!
... tenho que me livrar deste mal!!! 

terça-feira, 16 de março de 2010

Sou contraditória. Quando me esvazio, imediatamente me preencho e assim também o meu tempo, que na verdade me constitui e que é o espaço para eu ser quem sou, e logo já quero o vazio novamente por achar que fiquei muito cheia de coisas e afazeres que impedem que eu seja.
Passo a ser através do que estou, de onde estou.
Estou num consumismo de mim mesma e acho que se eu não der brecha, continuarei empurrada pelos meus próprios entulhos e a minha megalomania vontade de viver, que acaba por me empurrar pro cheio quando busco o vazio.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

((( c o n f l u ê n c i a s )))
no centro de arte hélio oiticica

dia 16/01/2010
apresenta:
13 numa noite
com o
''samba do feijão''
às 18h
entre outros ...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

... sinto-me assim, cansada, só de saber que não tenho mais um dia vago, entre os cinco dias úteis da semana. Tenho compromissos ainda aos sábados e domingos, ai domingo ... só de saber que no dia seguinte terei que, agora, com o horário de verão, acordar ainda com a madrugada e não mais com a plena manhã que me incentivava, nos corriqueiros dias de preguiças intensas.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Dias de muito sol, muito calor e muita luta, para esses que se rebelam contra o que desagrada que não ficam omissos e que se necessário berrarão incansavelmente seus anseios, são os que movimentam, os que completam os vazios eternamente vagos. As vezes fico pensando que não existe mais esse tipo de gente, e me provaram que não se limita às pessoas, mas é da natureza do que é vivo se reunir para falar, falar das coisas da vida, do que não é ainda, das reclamações e das paixões, exercício que desconcentra, divide e traz leveza como resultado. E quase no mesmo sol do dia anterior, este ameaçando chuva lá em Caxias que passei por uma assembléia dessas bastante movimentadas, o local já conhecido de todos nós, a praça principal da cidade. Quando cheguei entranhei não pensar na mulher núbia ou no senhor do jornal, e fui passando de forma acelerada com esperanças de ter boas surpresas e passei por uma árvore que nao era frondosa, mas era árvore, local de acolhimento de pássaros, aliás quantos pássaros ... era um falatório, com aplausos, debates e sem fila de inscrição para fala, todos estavam ao mesmo tempo propondo e respondendo e cantando e chorando ...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

... anteontem retornei ao mesmo lugar o qual estive em Duque de Caxias, local que a pouco me mostrou bruscamente a condição humana, o que pode ser de um homem; engraçado que foi pelo mesmo motivo que lá estive pela última vez, e logo comecei a flertar com a possibilidade de um novo encontro, mas não me permiti continuar nesta fresta imaginativa, calei meus pensamentos generalizadores e segui em frente. Já tomada por outros propósitos e atrasada, cheguei a praça principal de Caxias, lá mesmo, onde ficam a Câmara Municipal e a interseção, através de uma ponte dos dois lados da cidade que é separada por uma funcional linha de trem, dentre tantos transeuntes avistei uma mulher negra retinta, de meia idade, atitude e expressões joviais, sentada no muro que cerca um dos canteiros a balançar suas pernas, sob os olhos vigilantes de um senhor e um rapaz que tomavam uma fresca sentados no paralelepípedo a um nível abaixo, porém em ângulo contemplativo propício. Lugar movimentado, às dez horas numa das raras manhãs ensolaradas de final de inverno, a mulher com um olhar inquieto, buscava vários horizontes e já com ares primaveris vestia uma blusa verde eneblinado, somente, o que fazia com que os dois homens a observassem sem conseguir evitar a fala molhada sobre seu sexo nú, prenúncio acalorado da estação das flores.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009


evento na Azul Galeria no dia 05 de setembro :::::::::::::::Performance Day::::::::::::::::::
com a participação virtual dos coletivos 13 Numa Noite e o Filé de Peixe

quem estiver em PoA
Rua Lima e Silva, n.04 Porto Alegre - RS CEP 90050 - 100

terça-feira, 11 de agosto de 2009

...quando se tem coisas a fazer, trabalhos a executar, obrigações, não se quer tê-las. Toda e qualquer imposição que ocupe sua vida de maneira preestabelecida é assim, mas todo trabalho carrega realização e este desprazer, pois só consigo realizar meus prazeres através deste, recebo em troca do que faço a moeda universal que compra o que se oferece; são necessidades que temos, mas também desejos, quantos desejos ficam mais distantes ainda quando não cogito o trabalho, trabalho este que atrapalha os desejos.
Não tenho mais realizadores dos meus desejos [ ] é tempo que não volta mais.
...mas imagine alguém que viva para a realização dos outros,
que covardia!!!

domingo, 9 de agosto de 2009

... por esses dias estava eu em Duque de Caxias, numa rua movimentada caminhando por volta das 13h, quando me deparei com um senhor grisalho vestindo roupas escuras de sujeira, parecia ser um morador de rua, acho até que daquelas ruas pois estava com as calças arriadas na altura das canelas, parecia um pouco atrapalhado com seus afazeres cotidianos, parte deles já havia executado já que a seu lado tinha um jornal esticado com sua necessidade fisiológica sólida fresca. Acabara eu de sair de uma reunião com educadores, faziamos planos para a melhoria da educação do país, estávamos a observar os pormenores de um texto federal, discutindo-o e retificando-o, porém as vezes parece que os fatos gritantes nos escapam com maior facilidade. Então observei aquela cena e não me contive em dizer: - Que visão do inferno !!! Porém eu precisava de mais, e olhei novamente e percebi que as pessoas passavam sem esboçar sequer uma mudança de expressão, seria aquilo normal ou só eu quem estava a ver aquele ser natural? Na terceira vez que voltei meu olhar para aquele homem, este se encontrava agachado, de cócoras com uma folha de jornal dupla nas mãos, segurada da maneira que dava,não hesitem em imaginar, limpava a bunda desajeitadamente enquanto cuidava para não sujar as calças.

As pessoas sempre falam de limpar a bunda com jornal, sempre imaginei de outro jeito ...

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

... tive certeza, assim como dois e dois são vinte e dois, de como é prejudicial este capitalismo desenfreado, acredite, ainda estou aqui desfazendo o acúmulo de um semestre inteiro, são muitas coisas, quando se necessita de tão pouco ................ estou aqui de frente para minha mochila que ainda está cheia das coisas de PoA, na cesta quase do 13, também outros tantos pertences, a que conjuntos pertences?? O da felicidade já está garantido, como fui feliz lá, o frio mais compactador que me fez ficar mais junto de mim, usei todas as vestes ao mesmo tempo, só se salvaram tristes as calcinhas, pois estas são do tipo VIP, as que gostam de ficar separadas, ter exclusividade. Pior de tudo isso é que sou apegada quando cheguei fiquei com estas vestes por mais três dias só para garantir as memórias frescas e é por conta destas memórias é que não me desfaço rapidamente das coisas, mas me apego facilmente àquilo que não me pertence.
...cozinhar batatas, das grandes, não as miúdas, sem ser em banho maria já demoram a ser cozidas; coisa que não fiz em PoA já que o tempo era ação, se fosse para rir mesmo querendo parar,hahaha ríssimos, seria rasgado, sem contenção. Andar pela rua só para ver o que se faz, como se esquenta em lugares tão frios e discretos, caminhar pela vastidão, falar com quem nem se conhecia e confiar sem discrição.Depois de todas as pessoas,se visse que não esquentou, apelávamos as ervas, as bebidas, aos exercícios ........ sabe que o que mais me esquentou foi o circo, momentos malabarísticos. Hoje ainda na limpeza do ratro, roupas para lavar, coisas para guardar dentre estes muitos papéis, aguardo sem pressa o tempo da batata.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

...chegando de PoA encontro meu segundo envólucro assim invadido, que intromissão mais fugidia seria, que não me encontre,que já longe me provoca nojo, despreso e medo, como este que caminha pelos subterrâneos vem caminhar aqui, atrás de cheiros? E como tenho cheiros, quando fui deixei cheiros de lembranças, PoA sempre me traz novidades, surpresas, e não é que o rato se aproveitou, se espalhou em terreno cheio de entulho para revirar e se revirou. Estou eu agora com pano, vassoura e desinfetante recolhendo seu rastro. Quem mandou cheirar ?!?!

"Nossa senhora do Rosário a sua casa cheira, cheira cravo, cheira rosa, cheira flor de laranjeira"

sábado, 5 de julho de 2008

"O Homem quando sonha é um Deus, quando pensa é um mendigo."